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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Telecomunicações e sociedade da informação: uma estratégia para o futuro

Desde a Grécia antiga o homem tenta entender o significado da inteligência. Pesquisadores das ciências cognitivas, psicólogos, pedagogos, filósofos, sociólogos, neurologistas, etc. estudam este fenômeno com o intuito de simular o pensamento e o raciocínio humano. Mas, só em 1956, durante um congresso no New Hampshire, que nasceu a "Inteligência Artificial" como a ciência que busca conceber máquinas capazes de reproduzir tarefas humanas inteligentes.

Não há ainda consenso sobre a definição deste fenômeno. De fato, apreender e simular a inteligência é uma das tarefas mais desafiadoras que o homem está tentando resolver. Para alguns pesquisadores, a inteligência é determinada por fatores genéticos e que, uma vez adquirida, pouco ela pode ser modificada. Para outros, a inteligência se desenvolva dependendo intimamente do contexto sócio-ambiental. Sabemos que o que caracteriza o homem em relação aos demais seres vivos é sua inteligência e que esta inteligência tem quatro características importantes. De fato, o homem é intencional (norteado pelos seus objetivos), racional (sabe escolher o melhor caminho para atingir seus objetivos), cognitivo (suas decisões são baseadas no conhecimento e no raciocino) e adaptativo (tem capacidades de se adequar às mudanças). Assim, podemos afirmar que um agente é inteligente se ele é intencional, racional, cognitivo e adaptativo.

Contudo, durante muito tempo, a concepção da inteligência foi a de uma grandeza passível de medição. Isto leva a entender que a inteligência pode ser quantificada por meio de testes psicométricos preparados especialmente para esta finalidade. Em 1859, Francis Galton (primo de Charles Darwin) desenvolveu uma série de testes para medir a inteligência, baseando-se na teoria de que o processo evolutivo decorria de uma seleção natural. Em 1905, o pedagogo e psicólogo Alfred Binet desenvolveu, a pedido do Ministério da Educação da França, um teste de inteligência para auxiliar na resolução do problema do baixo rendimento escolar das crianças das séries primárias. Binet propõe uma escala métrica que permitia de medir o desenvolvimento da inteligência das crianças de acordo com as suas idades cronológica (idade real) e mental (idade correspondendo ao seu nível cognitivo). A medida de Binet ficou conhecida como "Quociente Intelectual". O teste quantifica e classifica a capacidade intelectual das crianças individualmente a fim de colocá-las nas classes adequadas às suas capacidades cognitivas. De fato, Binet observou que o problema do ensino primário estava basicamente ligado ao fato das classes serem heterogêneas, i.e., em uma única classe havia alunos bem dotados e outros pouco dotados intelectualmente. Portanto, tornava-se imprescindível selecionar as crianças pelo grau de inteligência, para formar classes homogêneas. Assim, Alfred Binet foi o inventor do primeiro teste de inteligência abrindo as portas aos atuais e famosos testes de QI (Quociente de Inteligência). Tais testes são baseados em questões de caráter lógico-matemático e lingüístico. O sucesso dos testes de QI se tornou ainda maior quando, na primeira Guerra Mundial, cerca de um milhão de soldados norte-americanos foram recrutados por meio desse teste.

Com a popularização dos testes de QI, propagou-se a idéia da inteligência ser única, estática e passível de medição. Porém, muitos casos reais mostrarem os limites dos testes de QI para avaliar a inteligência humana. Foi assim que, Países do mundo inteiro celebraram no último domingo (17/05) o Dia Internacional das Telecomunicações e da Sociedade da Informação. O dia foi instituído por uma resolução da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), dando seqüência aos encontros da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, ocorridos em Genebra (2003) e Túnis (2005). O objetivo da Cúpula foi criar uma sociedade da informação aberta a todos, inclusiva, centrada nas pessoas, baseada no conhecimento, e que fosse capaz de acelerar o desenvolvimento.

O principal significado do Dia Mundial da Sociedade da Informação é chamar a atenção de toda humanidade para as mudanças da sociedade proporcionada pela Internet e pelas novas tecnologias. Visa também sensibilizar sobre a necessidade da redução da exclusão digital no mundo, destacando a relação entre as enormes potencialidades das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e seu impacto para acelerar o ritmo do desenvolvimento da sociedade.

Curiosamente, no Maranhão, esta data passou despercebida. Um estado carente como o nosso, precisa mais do que nunca de empenho e investimento nesta área. É necessário firmar parcerias entre setores público, privado e terceiro setor para impulsionar e expandir a cultura numérica e a sociedade do saber. Só assim, podemos proporcionar a emergência de uma nova era e de uma nova sociedade onde o saber, a ciência e o progresso serão compartilhados de uma forma mais justa entre os indivíduos.

A ONU apelou a todos os países membros que organizem atividades adequadas para as celebrações acerca do tema de cada ano. Em 2008, o Dia Mundial da Sociedade da Informação foi celebrado sob o título "Abrir o caminho para o desenvolvimento sustentável". Este ano, o tema foi "Permitir aos deficientes beneficiarem das tecnologias de informação e comunicação". De fato, estima-se que existe no mundo cerca de 700 milhões de pessoas portadoras de necessidades especiais. Este número chega a dois bilhões considerando seus familiares, ou seja, um terço da população mundial é afetado, pois tem pelo menos um familiar portador de necessidades especiais.

Neste contexto, a Sociedade Mundial da Informação acredita que a utilização das TICs poderá ter um papel fundamental ao serviço destas pessoas ao permitir conectá-los, integrá-los à sociedade e melhorar sua qualidade de vida. A máxima do sucesso da Sociedade da Informação é o acesso universal. Todos devem ter a mesma oportunidade de participar na era digital e, portanto não podemos tirar de ninguém o direito de usufruir dos benefícios das TICs, muito menos dos portadores de deficiência. Felizmente, as novas tecnologias desenvolvidas habilitam as pessoas com todos os tipos de deficiência a terem uma função ativa na sociedade de informação. Nesse mesmo dia, foram premiadas pela ONU, uma entidade que promove normas e tecnologias auxiliando pessoas com deficiências visuais (consórcio DAISY), e uma entidade que desenvolve ferramentas que promovem o acesso à Internet junto a portadoras de necessidades especiais (consórcio Andrea Saks).

Desde a era do telégrafo, passando pelas comunicações na era espacial, até a nova era do ciberespaço em que hoje estamos, as Tecnologias da Informação e Comunicação sempre ajudaram a conectar a humanidade. Hoje, muitas pessoas seriam incapazes de imaginar a sua vida sem a utilização dessas tecnologias cada vez mais sofisticadas. No entanto, para os milhões de habitantes das regiões mais pobres, continua a existir a "fratura digital" que os exclui dos benefícios das TICs.

Assim, as TICs assumiram um papel importante na sociedade contemporânea, pois são instrumentos cruciais para alcançar o progresso sócio-econômico. As tecnologias, com custos cada vez mais acessíveis, nas mãos das comunidades locais, podem ser motores de mudanças eficazes, tanto no plano social como no plano econômico. O acesso à informação e ao conhecimento é essencial para vencer a fome, proteger o meio ambiente e alcançar nosso objetivo de desenvolvimento.

No entanto, para aproveitar essas potencialidades, é indispensável que os governos estabeleçam prioridades como o fortalecimento desta área e a busca em firmar parcerias com o setor privado e a sociedade civil. Caso contrário, continuaremos a ser meros copiadores de modelos e usuários de tecnologias que outros desenvolverão. Precisamos entender que as políticas assistenciais nunca deram certo, elas ajudam, mas não resolvem o problema.

Ciente de que o progresso de um estado e de um país é a decorrência da posição que ele acorda à ciência e ao saber, acreditamos e incitamos que o investimento no conhecimento deve ser nossa maior escolha para o futuro e que a pesquisa científica e a inovação são os únicos meios para passarmos à nova economia e relevarmos os desafios da revolução tecnológica.

DR. SOFIANE LABIDI.
labidi@uol.com.br
twitter.com/slabidi

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